04 janeiro 2016

Extraordinário: não julgue um menino pela cara

postado por Manu Negri


Escrito pela R.J. Palacio, Extraordinário foi o primeiro livro que terminei neste começo de ano (calma, que só o abri em dezembro!) e posso usar uma única palavra pra classificá-lo: FOFO.

August Pullman é um garoto como qualquer outro. Gosta de tomar sorvete, brincar com sua cadelinha Daisy e de conversar sobre Star Wars. Mas, para quem o vê pela primeira vez, Auggie – como é chamado pela família – não parece ser uma criança tão comum assim. Nascido com uma síndrome genética grave que lhe impôs uma severa deformidade facial, Auggie passou boa parte da infância no hospital fazendo cirurgias para que seu corpo pudesse se desenvolver da melhor forma possível. Auggie sabe que tem um rosto muito diferente. E agora, aos 10 anos, prestes a entrar na escola pela primeira vez, ele também sabe que não vai ser fácil convencer os outros alunos de que, além das aparências, existe um garoto com sonhos, medos e alegrias como todos eles.

Me peguei chorando em algumas várias páginas. E não porque estava bêbada no momento, mas sim porque histórias sobre valorizar a beleza interior sempre – SEMPRE – me tocam. Digamos que senti na pele durante muito tempo, por mim e por pessoas que amo, e me irrita profundamente como as pessoas têm a capacidade de serem fúteis e tão rasas a ponto de se importarem mais com quem tem um rostinho bonito, não importa o caráter. Eu consideraria Extraordinário um livro infanto-juvenil, mas suas lições podem (e devem) ser absorvidas por gente de todas as idades.

Mesmo que o livro seja inteiramente narrado em primeira pessoa, achei interessante que os capítulos são intercalados por diferentes pontos de vista. August narra, assim como seus amigos, sua irmã e até o namorado da irmã. Cada um fala sobre sua percepção em relação ao protagonista, ao mesmo tempo em que contam dos seus próprios obstáculos, muitos deles inerentes ao início da adolescência, mostrando que, de alguma forma, todos nós nos sentimos deslocados e diferentes em algum momento da vida.

'Cause I'm the ugliest guy 
On the Lower East Side 
But I've got wheels 
And you want to go for a ride
– Trecho da música "The luckiest guy on the lower east side", cantada por Auggie e seu pai em determinado trecho, que ficaria muito melhor compreendida de acordo com o contexto da história se fosse traduzida para o português. Editoras, please!



Minha mãe me abraçou mais apertado, se inclinou e deu um beijo no alto da minha cabeça.  
– Eu que agradeço, Auggie – respondeu ela.  
– Pelo quê? – Por tudo o que nos deu. Por entrar nas nossas vidas. Por ser você. 
Inclinou-se de novo e sussurrou em meu ouvido: 
– Você é mesmo extraordinário, Auggie. Você é extraordinário. 

 


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