20 julho 2016

Mr. Mercedes: o primeiro volume da trilogia policial de Stephen King

postado por Manu Negri


O que veio primeiro, o ovo ou a galinha? (-q)
E o homem? Nasce mau ou o meio o corrompe?

Há muito (muito) tempo, Rousseau e Hobbes defendiam perspectivas diferentes pra responder a essa pergunta. O primeiro dizia que o homem nasce bom, mas em contato com a sociedade – que é má –, torna-se mau. Já o segundo pregava o contrário: ele nasce mau, e a sociedade tem o papel de educá-lo, humanizá-lo e torná-lo sociável.

Não sei se o mundo chegou a uma conclusão quanto a isso, mas Stephen King pareceu estar inclinado para a segunda opção enquanto construiu o vilão de seu novo livro, lançado neste ano no Brasil. Com o detalhe que a sociedade não conseguiu transformá-lo, claro.

King mais uma vez nos mergulha em uma trama cheia de personagens complexos e críveis, mesmo que alguns deles morram logo nas primeiras páginas. Assim começa a história de Mr. Mercedes: em uma madrugada fria de uma cidade do Centro-Oeste, centenas de pessoas são atropeladas por um Mercedes enquanto aguardam em fila por uma vaga numa feira de empregos. O criminoso, conhecido como Assassino do Mercedes, escapa ileso do local e da investigação do então detetive Bill Hodges, que, mais de um ano depois e já aposentado, sente-se atormentado por não ter conseguido concluir o caso. Ele só não esperava que fosse voltar a seguir pistas depois de uma carta enviada pelo próprio vilão, sugerindo uma possível nova matança.


14 julho 2016

3 séries policiais que você precisa assistir

postado por Manu Negri


Não sei em que momento me transformei nessa pessoa que fala de séries no blog e que fica semanas sem assistir a um filme. Mas essa é a verdade, amigos e vizinhos. Nos últimos tempos, fui capaz de passar fins de semana de pijama, óculos e cabelo sujo, vivendo à base de sorvete e Ruffles com molho barbecue. Tudo, ao menos, trazendo boas consequências: paixonite por novos personagens e um post-recomendação feito com carinho. <3


THE KILLING


"Quem matou Rosie Larsen?" é a pergunta que sustenta boa parte das temporadas de The Killing. Trata-se de uma obra baseada na série dinamarquesa Forbrydelsen (não assisti, mas amigos que viram as duas acham The killing superior, mesmo sendo uma espécie de remake americano) que acompanha o dia a dia da investigadora-chefe Sarah Linden e seu parceiro Stephen Holder, que, apesar de suas gritantes diferenças, unem esforços para desvendar crimes horrendos. A química entre os dois é maravilhousarrr, e acho que um complementa o outro de forma perfeita. É incrível como The Killing consegue desenvolver tão bem os personagens principais e seus dramas pessoais. Linden, por exemplo, é fria, sem um pingo de senso de humor, rígida consigo e com os outros e um tanto negligente com o filho, mas o público torce pra que as coisas deem certo pra ela de toda forma (se você não torceu, sai daquiiiii). Ao mesmo tempo, arma o terreno pro crime em questão, insere os  personagens secundários de forma brilhante, nos envolve com eles, e encaminha episódio após episódio pra desfechos que fogem totalmente do óbvio.  


03 julho 2016

DOIS filmes de terror decentes e UM ótimo

postado por Manu Negri


Quem ama filmes de terror sabe como é difícil hoje em dia encontrar um decente. Ótimo, então, é pra glorificar de pé. Às vezes é bom sairmos da zona de conforto da indústria hollywoodiana e procurarmos longas em outros cantos, que possivelmente vai sair coisa boa, como é o caso de dois filmes da Coreia do Sul que venho indicar hoje.


HUSH - A morte ouve


Vamos ignorar esse complemento podre "A morte ouve" do título brasileiro? Vamos. Hush é dirigido pelo jovem and promissor Mike Flanagan, que fez filmes como O espelho, O sono da morte (com o fofíssimo Jacob Tremblay, de O quarto de Jack) e já está na equipe de Ouija 2 - Origem do mal. Em Hush, conhecemos Maddie, uma escritora surda-muda que vive sozinha em uma casa no meio de um campo cheio de árvores sinistras e sem segurança alguma. Num belo dia, um doente sádico mascarado resolve aparecer por ali com um objetivo muito simples: matar Maddie. Assim, por diversão.


19 junho 2016

"A garota no trem" e o thriller psicológico feijão & arroz

postado por Manu Negri


Tenho uma suspeita de que, depois de obras como "A menina que roubava livros", "A menina que não sabia ler" e "A menina que brincava com fogo", novos autores começaram a achar que um dos passos da fórmula para o sucesso é enfiar um menina ou garota no título de seu livro. Talvez seja o caso de Paula Hawkins e sua garota no trem. Talvez.

De qualquer forma, o sucesso veio. A leitura fácil atraiu um grande público. O romance vendeu mais de 4 milhões de exemplares. Mas livros fáceis de se ler não significam, necessariamente, que sejam bons. Muito menos estar entre os mais vendidos. 50 tons de cinza taí pra todo mundo entender. Não que A garota no trem seja ruim, só não é o tipo de obra que te marca – é bom para passar o tempo, igual filme que você zapeia na TV a cabo, assiste, se diverte, e em seguida o esquece.

"Você não sabe quem ela é, mas ela conhece você", diz a capa do livro a respeito da nossa garota (que está mais pra uma mulher trintona). Não é bem assim, não. Rachel pega o mesmo trem de Ashbury para Londres todos os dias. Em determinado trecho, ele para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel sempre observa a casa de número 15 e seus dois habitantes, um casal apaixonado que ela chama de Jess e Jason. Num belo dia, nossa garota-mulher observa, segundo a sinopse do livro, uma cena chocante (que de chocante tem porrãn nenhuma); e aí, pouco tempo depois, descobre que Jess – na verdade, Megan – está desaparecida.


14 junho 2016

"Como eu era antes de você": bonitinho, mas ordinário

postado por Manu Negri


Se você estiver procurando a publicação sobre o LIVRO, e não o filme, clique aqui.

Adaptado do best-seller de Jojo Moyes, Como eu era antes de você traz Emilia Clarke no papel da protagonista Louisa "Lou" Clark, uma jovem de 26 anos sem maiores perspectivas de vida que arranja emprego como cuidadora do tetraplégico Will Traynor (Sam Claflin), cuja condição foi responsável por deixá-lo, com o passar do tempo, amargo e infeliz.

Sobre a fidelidade em relação à obra original, tá todo mundo de parabéns. Roteirizado pela própria Moyes, o filme é praticamente um resumo do livro, com muitas falas preservadas, cenas marcantes e a linha divertida, apesar de parte da história se revelar um drama delicado sobre um tema espinhoso (falarei mais pra frente, com spoilers). Emilia Clarke está adorável e engraçada como Lou, sem qualquer sombra de Daenerys Targaryen, personagem que a tornou tão famosa em Game of Thrones. Mesmo quando Lou se via sem saída em algumas situações, foi impossível imaginá-la mandando um DRACARYS. Sam Claflin também faz um bom trabalho como Will, sarcástico e distante na medida certa, vulnerável quando tem que ser, trazendo à tona o sofrimento, resignação e tristeza do personagem. Quanto à química entre os dois, não tenho do que reclamar.

Nunca pensei que sobrancelhas pudessem ser tão expressivas.