10 dezembro 2016

Harry Potter e a criança amaldiçoada não empolgou

postado por Manu Negri


Bom, vamos lá: sim, eu sou fã de Harry Potter. Comecei a ler a saga entre os 11 e 12 anos e sou uma orgulhosa membrA da geração que cresceu junto com os personagens. Portanto, a notícia de que viria um oitavo livro, com uma história situada duas décadas depois do sétimo, balançou minhas estruturas. Mas, né, calma lá: como você deve saber, Harry Potter e a criança amaldiçoada não é um romance e muito menos é escrito por J. K. Rowling; na verdade, é um livro com o ROTEIRO de uma peça que entrará em cartaz em Londres em um futuro breve, criado por Jack Thorne e, claro, com o aval da rainha Rowling.

Exatamente por ser um roteiro, foi um pouco difícil pra mim avaliar o que li. Apesar da estrutura possibilitar uma leitura bem leve e fluida, requer um pouco mais da nossa imaginação para construir as cenas na cabeça, já que no palco elas contarão com muitos artifícios visuais. Em alguns momentos eu me perdi em passagens de uma cena pra outra; eu achava que estava acontecendo uma interferência mágica (literalmente), quando na verdade havia passado UM ANO na história, só pra dar um exemplo. Não que seja, ohh, um defeito do roteiro. Provavelmente foi minha lerdeza habitual.

Harry Potter e a criança amaldiçoada começa exatamente na última cena de Harry Potter e as relíquias da morte, quando nossa turma querida está embarcando os filhos para seu primeiro ano em Hogwarts. A história foca em Alvo, caçula de Harry e Gina, e sua amizade inusitada com o filho de Draco Malfoy, Escórpio. Alvo é aquele tipo de personagem a quem você se afeiçoa, mas tem um pouco de preguiça de vez em quando – como aconteceu comigo em relação ao próprio Harry. O irmão, Tiago, nos poucos momentos em que aparece, se mostra um babaca igual ao avô. Já Escórpio, apesar de ter a personalidade um pouco semelhante à do Rony (que acho um porre) (muito polêmica eu), foi o personagem que mais me agradou. Sim, um Malfoyzinho muito do fofo.


28 novembro 2016

Tô na bad por um jogo de videogame

postado por Manu Negri


Vamos começar esclarecendo uma coisa: eu não sou gamer. Os últimos jogos que fizeram parte da minha vida foram The Sims e Super Mario no Wii, pra vocês terem uma ideia. Nem tag pra essa categoria eu tenho pra encaixar a resenha no blog (relevemos, ok?). Por isso que eu me espantei comigo mesma quando me peguei aceitando a sugestão do meu amigo João "Jot" para experimentar Life is strange, um jogo concebido pela francesa Dontnod e distribuído pela Square Enix. Feito para jogar no PlayStation 3, 4, Xbox, Mac (via App Store, por exemplo) ou... tcharam: Windows! Pelo PC, é preciso primeiro instalar o Steam, uma plataforma específica para rodar o jogo, e depois ele propriamente dito. O primeiro episódio é grátis, tipo degustação de pão de queijo recheado em supermercado, feito com a certeza de que a pessoa vai gostar e querer mais. Mas calma que, para jogar o restante dos 4 episódios, custa menos que uma refeição digna no Outback: R$ 36. E vale a pena.

Sim, Life is strange é um jogo episódico, em que cada um dura em média 2h30 para ser concluído. Sei que existem outros jogos na mesma linha, mas eu, n00bie, achei o máximo. E soa como uma série de TV mesmo, com direito a créditos iniciais, tomadas cinematográficas, música de introdução e "Anteriormente, em Life is strange" nos episódios seguintes, recapitulando os acontecimentos mais importantes. E, assim como em uma série cativante, o jogo conta com personagens muito interessantes e uma premissa ótima: em uma pequena cidade da costa norte-americana, chamada Arcadia Bay, vive Maxine "Max" Caulfield, estudante de fotografia da renomada instituição Blackwell. Ela tem 18 anos, é introvertida, geek, insegura, gosta de ouvir suas musiquinha em paz, tem poucos amigos, mas um grande coração. (Pra mim, já bateu aquela identificação inicial, o que foi essencial pro jogo começar funcionando muito bem logo no primeiro episódio.) Num belo dia qualquer, Max vai ao banheiro feminino do colégio e encontra uma borboleta atrás dos boxes. Enquanto ela arma a câmera para bater uma foto, ouve uma voz masculina passar pela porta e, de longe, inevitavelmente assiste a uma cena que vai mudar a vida dela e a de várias outras: o dono da voz, um garoto de família rica de Arcadia Bay, está brigando com uma menina sobre dinheiro e atira em seu abdômen, matando-a. É aí que, num gesto desesperado para tentar fazer alguma coisa a respeito, Max descobre que tem poderes de voltar no tempo.

E todo mundo sabe que mexer com o tempo só dá em uma coisa: merda. Todo mundo viu o que aconteceu com o Ashton Kutcher.


25 novembro 2016

'A chegada' é um dos melhores filmes do ano

postado por Manu Negri


Vamos começar o texto com um fato talvez inquestionável atualmente: Denis Villeneuve é um homão da pirra.

Provavelmente no auge de sua carreira, o diretor canadense foi responsável por filmes ótimos como Os suspeitos e Sicario – Terra de ninguém e pelo sensacional-incrível-foderoso Incêndios (está na Netflix. Faça um favor a si mesmo e assista). E agora, com A chegada, acredito que Villeneuve definitivamente possui uma filmografia invejável. O cara só acerta.

Inspirado no conto História da sua vida, de Ted Chiang, o longa acompanha Louise Banks, uma renomada linguista que é recrutada pelo exército americano para que consiga estabelecer um diálogo com alienígenas, depois que 12 naves pousam em pontos distintos do planeta. Sendo comparado a rodo com Contato (de 1997, com Jodie Foster), A chegada ultrapassa o convencionalismo do gênero sci-fi ao nos entregar uma história densa, complexa, sensível, elegante e melancólica; uma história que aborda o encontro entre humanos e seres estrangeiros, repleta de humanidade em seus personagens e narrativa.


16 novembro 2016

Faltou sustança em 'Pequeno Segredo'

postado por Manu Negri


Você já tinha ouvido falar nos Schürmann? Se sempre costuma acompanhar os noticiários, então provavelmente sim. Mas, se não: eles são uma família de Florianópolis famosa por velejar ao redor do mundo, sendo, inclusive, a primeira família brasileira a circunavegar o mundo num veleiro. Lançaram livros. Deram entrevistas. E, agora, fazem filmes.

Pequeno segredo é baseado em um dos livros, escrito por Heloísa, a mãe, chamado Pequeno segredo – A lição de vida de Kat para a família Schürmann, que conta a história de como a filha caçula Kat conseguiu transformar sua rotina para melhor. Transformação que tem a ver com esse tal segredo e que, ao contrário de sinopses irresponsáveis por aí, não vou revelar, pois se trata do maior spoiler do filme. Claro que se você por um acaso já acompanhou esse aspecto da vida dos Schürmann, não será surpresa nenhuma.

Pequeno segredo estreou no Brasil neste mês após rolar uma polêmica com a comissão nacional que escolheu o filme para tentar uma vaga na corrida do Oscar 2017, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, em detrimento de Aquarius - um longa até então premiadíssimo no mundo inteiro e grande favorito para representar o Brasil (escrevi sobre ele aqui). Parte da crítica quase morreu de desgosto com a surpresa. Muitos apontam critérios políticos, e não cinematográficos, da escolha; afinal, a equipe de Aquarius protestou contra o impeachment da ex-presidenta Dilma no Festival de Cannes deste ano. Bom, se foi treta política, eu não sei (mas não duvido nem um tico). E agora que assisti aos dois, posso dizer que Aquarius e Pequeno segredo são longas bastante diferentes entre si, mas achei o primeiro de fato superior. Muito superior.


07 novembro 2016

Escuridão total sem estrelas - Stephen King

postado por Manu Negri


"As histórias neste livro são chocantes. Você pode ter achado difícil lê-las em alguns momentos. Se foi o caso, posso lhe assegurar que também achei difícil escrever as histórias em alguns momentos."

Eu adoro os contos do Mestre King. Alguns deles, inclusive, são tão memoráveis que viraram filmes ótimos, como Um sonho de liberdade (baseado em Rita Hayworth e a redenção de Shawshank), Conta comigo (baseado em O corpo) e O nevoeiro (baseado no conto de mesmo nome). Os dois primeiros você encontra no livro Quatro estações.

Os contos de Escuridão total sem estrelas, na minha opinião, não batem esses três aí, mas são todos muito bons. O horror tão típico da carreira de King tem, em duas das histórias, envolvimento com acontecimentos sobrenaturais, mas está predominantemente relacionado com pessoas comuns, como a gente. Do que as pessoas são capazes? Quais são os seus limites? Será que conhecemos tão bem uma pessoa a ponto de "colocarmos a mão no fogo" por ela? Não parece possível que o rapaz que ajuda idosos a atravessarem a rua seja, secretamente, um serial killer?

Parece.