26 abril 2018

O HOMEM DE GIZ bebeu da fonte de King, mas não matou minha sede

postado por Manu Negri


(Enquanto pensava se o título desse post era barango ou não, apertei o botão de publicar.)

Aviso: este texto contém spoilers.

Venderam O homem de giz pra mim como um livro escrito por uma grande fã de Stephen King, com várias referências a obras do muso. No próprio Skoob, a frase "Assassinato e sinais misteriosos em uma trama para fãs de Stranger Things e Stephen King" engorda a campanha de marketing. Opa, rapaz, é assim que se joga uma isca pra mim. Agarrei direitinho e me dirigi ao setor de compras da livraria online mais próxima e, na noite do mesmo dia, dei início à leitura.

"Em 1986, Eddie e os amigos passam a maior parte dos dias andando de bicicleta pela pacata vizinhança em busca de aventuras. Os desenhos a giz são seu código secreto: homenzinhos rabiscados no asfalto; mensagens que só eles entendem. Mas um desenho misterioso leva o grupo de crianças até um corpo desmembrado e espalhado em um bosque. Depois disso, nada mais é como antes.

Em 2016, Eddie se esforça para superar o passado, até que um dia ele e os amigos de infância recebem um mesmo aviso: o desenho de um homem de giz enforcado. Quando um dos amigos aparece morto, Eddie tem certeza de que precisa descobrir o que de fato aconteceu trinta anos atrás.
Alternando habilidosamente entre presente e passado, O Homem de Giz traz o melhor do suspense: personagens maravilhosamente construídos, mistérios de prender o fôlego e reviravoltas que vão impressionar até os leitores mais escaldados."

"Personagens maravilhosamente construídos, mistérios de prender o fôlego e reviravoltas que vão impressionar até os leitores mais escaldados."



16 abril 2018

Um suspiro a cada página de ME CHAME PELO SEU NOME

postado por Manu Negri


É com o coração em frangalhos, semirecuperada de três metros de ranho escorrendo pelo nariz, que venho falar de Me chame pelo seu nome – o livro que está marcando minha volta definitiva à leitura, parcialmente abandonada de um ano pra cá.

ABAIXA QUE É TIRO

Escrita pelo ítalo-americano-egípcio (eita!) André Aciman, a trama é narrada pelo protagonista Elio, um adolescente de dezessete anos que está passando as férias na casa da família, em um paraíso da costa italiana (chamada apenas de "B."), parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver.

Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido.



09 abril 2018

UM LUGAR SILENCIOSO não me deixou em paz

postado por Manu Negri


Um lugar silencioso é o mais novo filme da princesa Emily Blunt, dirigido pelo seu marido John Krasinski (o Jim de The Office), enquadrado nessa nova e maravilhosa onda dos filmes de horror, para o qual eu não estava dando nada mesmo depois dos trailers, até as pessoas começarem a falar bem, porque eu sou Maria-vai-com-as-outras, e é isto.

A sinopse, sobre uma família que vive numa casa de campo em absoluto silêncio, se comunicando através de sinais, na tentativa de sobreviver à uma ameaça desconhecida atraída por sons, me lembrou a trama de Caixa de pássaros. Só que, no caso dela, a ameaça é algo que a pessoa VÊ e a mata em seguida. O livro é uma merda, o filme será lançado num futuro próximo na Netflix com a Sandra Bullock protagonizando, mas, se a produção conseguir fazer com que a adaptação seja ótima como é Um lugar silencioso, eu serei obrigada a gongar Caixa de pássaros só pela metade.

Um lugar silencioso é mais uma prova de que eu não sobreviveria muito tempo em ambientes pós-apocalípticos (no caso, eu morreria antes de ser pós). Para garantir o oxigênio de cada dia, é preciso andar nas pontas dos pés, em areias macias, ter movimentos delicados e vagarosos, sussurrar e, de preferência, se comunicar por sinais. Não pode cantar ópera, não pode assoviar, não pode peidar alto. Do contrário, criaturas extremamente nojentas numa versão upgrade do Demogorgon vêm rapidinho arrancar seus membros numa patada. Aliás, o visual delas é bem perturbador, principalmente quando mostram a cavidade auricular responsável pela sua audição superpotente. Denotam toda a aura de perigo e morte que a produção, provavelmente, ansiava.


22 março 2018

O amor que transcende espaço e tempo em PACIÊNCIA

postado por Manu Negri


Não sou das maiores leitoras de quadrinhos (infelizmente, e por enquanto), mas topei com a existência de Paciência naquela considerada a melhor rede social da world wide web: o Twitter. Na ocasião, alguém retuitou um desconhecido elogiando a obra e usando as palavras mágicas que deixaram minhas anteninhas ligadas: "viagem no tempo". Não precisei nem de dez minutos pra comprar um presente pra mim mesma.

Quando abri o pacote de papelão dos Correios, pouco tempo depois (ou seja, um milagre), me deparei com um trem tão lindo que deu vontade de folhear com luvas, pra não correr o risco de estragar. Capa cartonada, um acabamento gráfico sensa, hot stamping no título e muitas cores. Joguei o pacote no lixo do quarto e já fui deitando na cama; um par de horas depois e eu havia concluído a leitura.

Paciência levou cinco anos para ser produzida por um dos principais nomes dos quadrinhos indie norte-americanos – Daniel Clowes. O sujeito, pelo que andei fuçando, tem muitos fãs, outros títulos premiados, adaptação pro cinema, e esse seu trabalho mais recente já ganhou espaço em listas de melhores quadrinhos de 2017. O segredo para tanto sucesso talvez tenha parte na estratégia de Clowes em não deixar uma sinopse na contracapa, apenas uma frase misteriosa: "Uma viagem cósmica através do espaço-tempo rumo ao infinito primordial do amor eterno". E, se posso começar falando alguma coisa sobre potencializar sua experiência com essa HQ, é justamente "quanto menos você souber a história, melhor".


12 março 2018

Lágrimas jorraram em FAREWELL, episódio bônus de LIFE IS STRANGE: BEFORE THE STORM

postado por Manu Negri


É pra glorificar de pé.

Depois de três (ou duas e meia) bolas foras, finalmente a Deck Nine mandou uma dentro. E ainda bem: porque estavam mexendo com as personagens mais queridas de Life is Strange; se o resultado final fosse um fiasco, o fandom ia reclamar mais que a Tulla Luana em dias de Colheita Feliz.

Não que Farewell (ou Despedida, no Brasil) esteja imune a críticas, mas, num modo geral, agradou bastante os fãs. O episódio bônus de Life is Strange: Before the Storm foi lançado globalmente no dia 5 de março nas plataformas PC, Xbox One e Playstation 4, depois de uma espera de mais de dois meses. Durando uma hora e meia, mais ou menos (quem gosta de explorar cada cantinho mínimo de cada espaço provavelmente vai gastar mais), ele se passa num período de algumas horas em um dia da infância/adolescência de Max e Chloe, quando ambas tinham 13 e 14 anos, respectivamente.