17 abril 2017

Filmes da semana #10

postado por Manu Negri


Temos um novo FILMES DA SEMANA! AÊEE, TIA!

Hoje completam vergonhosos 6 meses desde que publiquei o post mais recente dessa série, o que me faz pensar que eu deveria mudá-la para FILMES DO SEMESTRE. Posso ficar justificando, dizendo que a corrida das premiações no fim de 2016 foi a grande culpada para eu focar nos candidatos ao Oscar, O QUE É VERDADE, mas prefiro partir para cinco diconas legais de filmes recentes pra vocês colocarem na listinha, passarem um pano nisso e me perdoarem. Em breve, teremos uma nota categoria por aqui também. <3


QUASE 18


Quando pensamos em filmes com elenco adolescente, pensamos em quê? No hino "Meninas malvadas", né? Pega esse monte de longas com enredo e atores chatos que retratam as passagens da adolescência e veja quantos realmente bons consegue tirar dali. Há quem não tenha muita paciência pra hormônios e dramas do tipo, por isso digo que Quase 18 é um filme que pinta muito bem o quadro de como é ser adolescente de uma forma bem divertida e leve.

Recentemente, a série 13 reasons why, da Netflix, foi polêmica nos quatro cantos da internet pela discussão em torno de suicídio, bullying e a rotina adolescente no ambiente escolar, formando uma legião de críticos e fãs - muitos deles, adultos (até porque, vamos combinar: não é porque a obra fala da galera de 17 anos que necessariamente está falando só PARA ela). Quase 18 inicia com uma cena da protagonista Nadine se dirigindo à mesa de um professor da escola anunciando que quer se matar, mas ali já dá pra ver que o tom proposto é completamente diferente. É só a abertura da retrospectiva da sequência de dramas que Nadine enfrentou nas semanas anteriores: ela está no auge dos 17 anos, não se sente nem um pouco confortável em ser quem é, tenta diariamente se ajustar às pessoas e ao ambiente ao seu redor, tem uma relação conturbada com a mãe e a única amiga está namorando seu irmão, o típico fortão popular que tem tudo o que ela gostaria de ter.

Quase 18 me arrancou gostosas risadas (e olha que isso não é muito fácil de conseguir em um filme), o que muito se deve à atuação da Hailee Steinfield, que consegue fazer com que uma personagem relativamente desagradável te conquiste facilmente.



MULHERES DO SÉCULO XX


Passado em 1979, o filme retrata a vida de Dorothea Fields, uma mãe solteira na casa dos 50 que cria seu filho adolescente durante uma época de mudanças culturais e de revolução sexual. Na educação de Jamie, Dorothea conta com a ajuda de duas mulheres mais novas, Abbie, uma artista punk conhecida como a Frances Ha de cabelo vermelho que aluga um quarto na casa dos Fields, e Julie, uma adolescente provocadora que é a paixão platônica do menino.

Mulheres do século XX é sensível ao mostrar, por exemplo, como o feminismo era uma ideia pouco difundida na época mas tinha sua essência rodeando a vida de suas personagens femininas - três gerações dentro de uma mesma realidade -, principalmente quando tentam moldar para melhor o caráter de Jamie, que passa a aprender sobre a importância de valorizar as mulheres à medida que vê seu comportamento diante do mundo se transformar. É lindo ver como todos eles acabam crescendo com o suporte um do outro, enquanto temas como maternidade, solidão (de não ter um parceiro, como Dorothea), juventude/velhice e educação são abordados entre as cenas e diálogos deliciosamente orgânicos :3 Mil pontos para o roteiro, fotografia, trilha sonora e interpretações, especialmente a da Annette Bening, que inclusive esteve cotada para entrar na disputa pelo Oscar deste ano.

Uma palavra: MENSTRUAÇÃO.



UM HOMEM CHAMADO OVE


Sabe aquele filme bonitinho que você tem vontade de abraçar? Indicado da Suécia ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano, Um homem chamado Ove conta a história, bem, de Ove, um senhor mal-humorado sessentão que leva uma vida totalmente amargurada. Aposentado, ele se divide entre sua rotina monótona e as visitas que faz ao túmulo de sua falecida esposa. Mas, quando ele finalmente se entrega às tendências suicidas e desiste de viver, novos vizinhos se mudam para a casa da frente, e uma amizade inesperada surge.

Alternando entre o presente e os flashbacks do protagonista, sua vida a dois e sua especial relação com o pai, Um homem chamado Ove é despretensioso, delicado, gostoso de assistir e que gira em torno da famosa jornada de transformação do personagem. O desenrolar até que é previsível, mas não incomoda; a gente sabe o que vai assistir, mas quer curtir a viagem. Basicamente isso.



CHRISTINE


Casos bizarros, trágicos e misteriosos que viraram documentários e filmes existem aos montes. O de Christine Chubbuck, repórter nos anos 1970, possivelmente se enquadra nessas três categorias. Ambiciosa e talentosa funcionária de uma emissora de televisão em Sarasota, Flórida, Christine entra em crise por frustrações profissionais e amorosas e toma uma decisão que os telespectadores americanos não esqueceriam tão cedo: se suicidar ao vivo durante a exibição do jornal local.

O desafio da produção do filme foi tentar retratar as últimas semanas de Christine e os possíveis motivos que a levaram a esse fim triste pra cacete com base em pouquíssimo material. Até onde sei, sequer tiveram acesso a vídeos em que a repórter aparece ou, se tiveram, foi a um único trecho, o mesmo exibido em outro longa coincidentemente lançado na mesma época e que conta a mesma história: Kate interpreta Christine (não tão bom quanto esse, mas que vale a pena assistir como complemento). A força de Christine reside principalmente na interpretação de Rebecca Hall, que tirou leite de pedra pra construir a personalidade da personagem real; uma interpretação cheia de nuances dos seus desejos, dores, perfeccionismo, obsessão, sexualidade e depressão. O final é uma boa reflexão tapinha-na-cara sobre sensacionalismo e culpa.



ANIMAIS NOTURNOS


Chegamos naquele que, pra mim, é o filme esnobadão da categoria de Melhor Filme do Oscar 2017. Meu mozão.

O longa acompanha Susan, uma negociante de arte que se sente cada vez mais isolada do parceiro. Um dia, ela recebe um manuscrito de autoria de Edward, seu primeiro marido, chamado Animais noturnos - uma referência a uma comparação que ele costumava fazer aos hábitos dela quando ainda estavam juntos. O trágico livro, por sua vez, conta a história do personagem Tony Hastings, um homem que leva sua esposa e filha para tirar férias, mas o passeio toma um rumo violento ao cruzar o caminho de uma gangue.

O filme traça um paralelo entre três realidades - o presente, em que Susan lê o o livro; próprio livro (realidade ficcional rssss), que é uma analogia aos sentimentos de Edward em relação a tudo o que aconteceu em torno do fim do relacionamento; e o passado do casal ainda jovem. Animais noturnos costura as cenas em uma montagem digna de reconhecimento, mostrando como algumas escolhas que fazemos na vida podem ser dolorosas e trazer consequências amargas, moldando nossa personalidade. Achei fascinante. Um thriller cheio de metáforas, melancolia e muita crueldade, com uma fotografia, roteiro e atuações excelentes.  

Seu Madruga, a vingança pode ser plena.



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