Tenho uma suspeita de que, depois de obras como "A menina que roubava livros", "A menina que não sabia ler" e "A menina que brincava com fogo", novos autores começaram a achar que um dos passos da fórmula para o sucesso é enfiar um menina ou garota no título de seu livro. Talvez seja o caso de Paula Hawkins e sua garota no trem. Talvez.
De qualquer forma, o sucesso veio. A leitura fácil atraiu um grande público. O romance vendeu mais de 4 milhões de exemplares. Mas livros fáceis de se ler não significam, necessariamente, que sejam bons. Muito menos estar entre os mais vendidos. 50 tons de cinza taí pra todo mundo entender. Não que A garota no trem seja ruim, só não é o tipo de obra que te marca – é bom para passar o tempo, igual filme que você zapeia na TV a cabo, assiste, se diverte, e em seguida o esquece.
"Você não sabe quem ela é, mas ela conhece você", diz a capa do livro a respeito da nossa garota (que está mais pra uma mulher trintona). Não é bem assim, não. Rachel pega o mesmo trem de Ashbury para Londres todos os dias. Em determinado trecho, ele para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel sempre observa a casa de número 15 e seus dois habitantes, um casal apaixonado que ela chama de Jess e Jason. Num belo dia, nossa garota-mulher observa, segundo a sinopse do livro, uma cena chocante (que de chocante tem porrãn nenhuma); e aí, pouco tempo depois, descobre que Jess – na verdade, Megan – está desaparecida.