O que veio primeiro, o ovo ou a galinha? (-q)
E o homem? Nasce mau ou o meio o corrompe?
Há muito (muito) tempo, Rousseau e Hobbes defendiam perspectivas diferentes pra responder a essa pergunta. O primeiro dizia que o homem nasce bom, mas em contato com a sociedade – que é má –, torna-se mau. Já o segundo pregava o contrário: ele nasce mau, e a sociedade tem o papel de educá-lo, humanizá-lo e torná-lo sociável.
Não sei se o mundo chegou a uma conclusão quanto a isso, mas Stephen King pareceu estar inclinado para a segunda opção enquanto construiu o vilão de seu novo livro, lançado neste ano no Brasil. Com o detalhe que a sociedade não conseguiu transformá-lo, claro.
King mais uma vez nos mergulha em uma trama cheia de personagens complexos e críveis, mesmo que alguns deles morram logo nas primeiras páginas. Assim começa a história de Mr. Mercedes: em uma madrugada fria de uma cidade do Centro-Oeste, centenas de pessoas são atropeladas por um Mercedes enquanto aguardam em fila por uma vaga numa feira de empregos. O criminoso, conhecido como Assassino do Mercedes, escapa ileso do local e da investigação do então detetive Bill Hodges, que, mais de um ano depois e já aposentado, sente-se atormentado por não ter conseguido concluir o caso. Ele só não esperava que fosse voltar a seguir pistas depois de uma carta enviada pelo próprio vilão, sugerindo uma possível nova matança.