Portão principal de Auschwitz com a inscrição "O trabalho liberta" |
Só de ler a palavra "Auschwitz" em qualquer lugar já dá um arrepio na espinha. Isso porque o único acesso que temos às atrocidades ocorridas por lá vem de livros, filmes, documentários, reportagens e entrevistas. Imagine vivendo de perto.
Muito já foi falado sobre o Holocausto, quase à exaustão, em todos esses tipos de mídia. Mas acredito que o livro Auschwitz – O testemunho de um médico, escrito por Miklos Nyiszli, seja uma contribuição diferente. Afinal, além de ter sobrevivido pra relatar à História, o cara viveu no campo de concentração durante meses, com certas regalias, sob comando do conhecido dr. Mengele – que se tornou infame por ter atuado como cientista durante o regime nazista. E, tão importante quanto, o livro serve de registro em uma era que, por incrível que pareça, tem gente com a capacidade de questionar a existência desse genocídio. Aliás, a título de curiosidade: em 2007, entrou em vigor uma lei sancionada pela União Europeia que pune com prisão quem negar o Holocausto. Em 2010, a UE também criou a base de dados europeia EHRI para pesquisar e unificar arquivos sobre o assunto.
Miklos foi um judeu criminologista húngaro antes de trabalhar forçadamente em Auschwitz, como médico do Sonderkommando. Os Sonderkommandos eram os grupos de judeus recrutados assim que chegavam aos campos, obrigados a executar tarefas penosas que os soldados alemães não gostariam de fazer, como enterrar os corpos dos prisioneiros mortos e limpar as câmaras de gás. Em troca, podiam comer melhor que o restante dos judeus, vestir-se bem, tomar banhos e dormir em locais mais decentes, mas eram eliminados a cada 3 ou 4 meses para dar lugar a novos grupos. Agora, imagine só como devia ser para os Sonderkommandos ter que lidar com a morte de seus companheiros diariamente, ou até acabar encontrando um, pai, mãe ou filho entre os cadáveres? PESADÍSSIMO, terrível, cruel demais.