07 novembro 2016

Escuridão total sem estrelas - Stephen King

postado por Manu Negri


"As histórias neste livro são chocantes. Você pode ter achado difícil lê-las em alguns momentos. Se foi o caso, posso lhe assegurar que também achei difícil escrever as histórias em alguns momentos."

Eu adoro os contos do Mestre King. Alguns deles, inclusive, são tão memoráveis que viraram filmes ótimos, como Um sonho de liberdade (baseado em Rita Hayworth e a redenção de Shawshank), Conta comigo (baseado em O corpo) e O nevoeiro (baseado no conto de mesmo nome). Os dois primeiros você encontra no livro Quatro estações.

Os contos de Escuridão total sem estrelas, na minha opinião, não batem esses três aí, mas são todos muito bons. O horror tão típico da carreira de King tem, em duas das histórias, envolvimento com acontecimentos sobrenaturais, mas está predominantemente relacionado com pessoas comuns, como a gente. Do que as pessoas são capazes? Quais são os seus limites? Será que conhecemos tão bem uma pessoa a ponto de "colocarmos a mão no fogo" por ela? Não parece possível que o rapaz que ajuda idosos a atravessarem a rua seja, secretamente, um serial killer?

Parece.


26 outubro 2016

7 motivos para assistir Westworld, a nova série da HBO

postado por Manu Negri


Se você num tá nem sabendo de nada, deixa eu apresentar: Westworld é a nova série que estreou na HBO no dia 2 de outubro, inspirada no filme de mesmo nome lançado em 1973 e dirigido por Michael Crichton. Ainda estamos no episódio 4 dos 10 previstos para essa primeira temporada, mas é certo que a série já conseguiu fisgar a atenção de uma boa fatia de espectadores, especialmente nessa época de hiatus de outras séries. Dizem, inclusive, que Westworld chegou para ocupar o vazio que Game of Thrones deixará em nossos corações, agora que seu fim se aproxima. Se é verdade, eu não sei, mas eu já trouxe alguns bons motivos pra você começar a acompanhar a história:


1. Essa é a mistura do Velho Oeste com Sci-fi  


Tem que ter charme pra dançar boniiiiito! (não rima, foda-se)

Eu confesso que nem Velho Oeste e nem Sci-fi são gêneros que me atraem. Mas em Westworld essa junção parece beeem promissora, ainda mais com esse ingrediente que eu amo tanto chamado mistério. Não tem nada de viagem no tempo e nem extraterrestres invadindo saloons; a história é a seguinte: Westworld é um PARQUE DE DIVERSÕES temático ultramoderno do futuro e ambientado no Velho Oeste (arrá), que recebe "jogadores" milionários de todos os cantos para literalmente viver o personagem que quiserem nesse mundo particular. Por 40 mil dólares por dia, você escolhe sua roupa, sua arma, seu chapéu e vive aventuras junto de muitos outros personagens que estão em Westworld especialmente para servi-lo: bandidos, prostitutas, donzelas, mocinhos, padres, bêbados, caçadores de recompensa e por aí vai. O detalhe é que esses personagens do jogo, apesar de serem exatamente iguais a humanos na aparência e no comportamento, na verdade são androides fodasticamente construídos para viver roteiros próprios dentro de seus universos. Jogadores humanos não podem morrer em Westworld, mas podem "matar" os androides; eles nunca se lembram das várias vidas que vivem justamente por não terem consciência e nem lembranças, sendo limpos, reestruturados e analisados diariamente.

Mas algo nos diz que isso está para mudar.

Esse é o grande lance de Westworld. À medida que passamos a sentir empatia pelos androides e algum nível de identificação – afinal, eles choram, sentem dor, sangram e têm suas próprias histórias como se fossem um de nós –, eles começam a ter sinais de que estão se recordando de outros dias que viveram e morreram, lutaram, conversaram e se envolveram com outros androides e jogadores. Mais: estão começando, de algum modo, a desenvolver consciência. Quais serão as consequências disso para os criadores do parque e para os jogadores que estão lá?


18 outubro 2016

Filmes da semana #9: filmes coreanos surpreendentes

postado por Manu Negri


Ó, já falei pra parar de preconceito bobo com filme oriental, né? E pra sair dessa bolha de Netflix porque ela, apesar de maravilhosa, não é a guardiã de todos os grandes filmes do mundo. Tem muita obra legal esperando pra entrar na fila do seu uTorrent.

POIS BEM.

Se seu último contato com coreanos tem a ver com a Sun de Sense8 ou com o cara que vende óculos de sol no calçadão, aproveita o Filmes da Semana da vez porque as indicações são três ótimos longas sul-coreanos que podem abrir seus olhos (escrota) para o cinema do lado de lá.


Train to busan


Train to busan, mais conhecido na minha mente como TREM PRO BUSÃO ou no título oficial brasileiro INVASÃO ZUMBI (cof, cof, gasp bleeerrrgh me leva, Deus), como este último sugere, é um filme sobre zumbis.

Calma, não passe para o próximo da lista ainda. Eu mesma nunca fui fã de histórias com zumbis, mas esse me fisgou (REC e Guerra Mundial Z também constam na patota). Train to busan conta a história de um gestor financeiro do tipo que dá mais importância pro trabalho do que pra família, completamente egoísta e distante, que vai levar a filhinha pra casa da ex-esposa pegando um trem de Seul para Busan. Segundos antes das portas dos vagões se fecharem, uma mulher infectada por vocês sabem o quê entra às pressas tentando fugir de vocês também sabem o quê, causando o velho e conhecido caos na Terra.  


14 outubro 2016

Auschwitz: o testemunho de um médico

postado por Manu Negri

Portão principal de Auschwitz com a inscrição "O trabalho liberta"

Só de ler a palavra "Auschwitz" em qualquer lugar já dá um arrepio na espinha. Isso porque o único acesso que temos às atrocidades ocorridas por lá vem de livros, filmes, documentários, reportagens e entrevistas. Imagine vivendo de perto.

Muito já foi falado sobre o Holocausto, quase à exaustão, em todos esses tipos de mídia. Mas acredito que o livro Auschwitz – O testemunho de um médico, escrito por Miklos Nyiszli, seja uma contribuição diferente. Afinal, além de ter sobrevivido pra relatar à História, o cara viveu no campo de concentração durante meses, com certas regalias, sob comando do conhecido dr. Mengele – que se tornou infame por ter atuado como cientista durante o regime nazista. E, tão importante quanto, o livro serve de registro em uma era que, por incrível que pareça, tem gente com a capacidade de questionar a existência desse genocídio. Aliás, a título de curiosidade: em 2007, entrou em vigor uma lei sancionada pela União Europeia que pune com prisão quem negar o Holocausto. Em 2010, a UE também criou a base de dados europeia EHRI para pesquisar e unificar arquivos sobre o assunto.

Miklos foi um judeu criminologista húngaro antes de trabalhar forçadamente em Auschwitz, como médico do Sonderkommando. Os Sonderkommandos eram os grupos de judeus recrutados assim que chegavam aos campos, obrigados a executar tarefas penosas que os soldados alemães não gostariam de fazer, como enterrar os corpos dos prisioneiros mortos e limpar as câmaras de gás. Em troca, podiam comer melhor que o restante dos judeus, vestir-se bem, tomar banhos e dormir em locais mais decentes, mas eram eliminados a cada 3 ou 4 meses para dar lugar a novos grupos. Agora, imagine só como devia ser para os Sonderkommandos ter que lidar com a morte de seus companheiros diariamente, ou até acabar encontrando um, pai, mãe ou filho entre os cadáveres? PESADÍSSIMO, terrível, cruel demais.


07 outubro 2016

15 filmes de terror e suspense que você ainda não viu

postado por Manu Negri


Ahhh, dona Manuela, mas eu tô vendo nessa sua lista vários filmes, sim, que eu já assisti.

Tudo bem, pequeno gafanhoto cinéfilo. Isso é possível.

Mas muita gente que só acompanha lançamentos comerciais e indicações de obras que priorizam sangue e jumpscares sem conteúdos pode estar privada de algumas maravilhas da sétima arte, num é mesmo? Aquele filminho que você só encontra no makingoff.org, aquele VHS que nunca chegava na locadora da esquina, aquele independente de baixo orçamento aplaudido por cultos cult.

Tá, parei.

Como outubro é o mês das bruxas, eu resolvi compilar algumas obras de dois dos meus gêneros favoritos, a fim de abrir uns horizontes por aí e fazer a gente ficar tudo feliz.


Cubo (Cube, 1997)


Reza a lenda que Cubo foi a inspiração para a criação da franquia Jogos Mortais.

Esse filme canadense de baixo orçamento (gravado em apenas um único cenário de cerca de 4 x 4 metros) pode até ter atores ruins, uns diálogos pobres e teorias loucas, mas quando assisti eu fiquei verdadeiramente impressionada. Meu cérebro o guardou na gaveta de Filmes de Terror Inesquecíveis, e não pretendo tirá-lo de lá até assisti-lo novamente.

Cubo começa sem qualquer explanação nos apresentando a um homem que acorda em uma sala cúbica com uma porta em cada lado. Ele escolhe uma delas para tentar sair, e acaba entrando em outra sala, idêntica à anterior. Mas nosso personagem não tem muito tempo para perceber o que está acontecendo porque ele é literalmente feito em pedaços por uma armadilha em forma de grade. PÁ, já temos uma cena de impacto e suficiente pra gerar um monte de perguntas na nossa cabeça.

O filme, sem delongas, então nos apresenta à sua história: seis desconhecidos acabam se encontrando em uma dessas salas em formato de cubo sem saber como foram parar lá, muito menos que porra de lugar é aquele. Aos poucos, eles descobrem ser possível passar de um cubo para outro através de comportas; o problema é que alguns deles oferecem armadilhas mortais, criando um labirinto sem fim. Mas, principalmente, eles descobrem que precisam uns dos outros para conseguirem sair vivos.

Cubo ainda ganhou uma sequência e um prequel (Cubo Zero e Cubo 2 - Hipercubo), que não assisti, mas parecem ser aqueles filmes criados pra estragar toda uma sequência. Mas eu não vou omitir informação pros mores, né?