Não sou das maiores leitoras de quadrinhos (infelizmente, e por enquanto), mas topei com a existência de Paciência naquela considerada a melhor rede social da world wide web: o Twitter. Na ocasião, alguém retuitou um desconhecido elogiando a obra e usando as palavras mágicas que deixaram minhas anteninhas ligadas: "viagem no tempo". Não precisei nem de dez minutos pra comprar um presente pra mim mesma.
Quando abri o pacote de papelão dos Correios, pouco tempo depois (ou seja, um milagre), me deparei com um trem tão lindo que deu vontade de folhear com luvas, pra não correr o risco de estragar. Capa cartonada, um acabamento gráfico sensa, hot stamping no título e muitas cores. Joguei o pacote no lixo do quarto e já fui deitando na cama; um par de horas depois e eu havia concluído a leitura.
Paciência levou cinco anos para ser produzida por um dos principais nomes dos quadrinhos indie norte-americanos – Daniel Clowes. O sujeito, pelo que andei fuçando, tem muitos fãs, outros títulos premiados, adaptação pro cinema, e esse seu trabalho mais recente já ganhou espaço em listas de melhores quadrinhos de 2017. O segredo para tanto sucesso talvez tenha parte na estratégia de Clowes em não deixar uma sinopse na contracapa, apenas uma frase misteriosa: "Uma viagem cósmica através do espaço-tempo rumo ao infinito primordial do amor eterno". E, se posso começar falando alguma coisa sobre potencializar sua experiência com essa HQ, é justamente "quanto menos você souber a história, melhor".