17 maio 2018

2 séries policiais bacanudas da Netflix pra conhecer

postado por Manu Negri


Eu amo, amo a temática policial e, depois de já ter recomendado três séries do tipo aqui, hoje vou dar a dica de duas séries que estão na Netflix. E já vou avisando: não são a piiiiiica das galáxias não, mas entretêm bem e me fizeram maratonar em dois dias.

A primeira delas na verdade é uma minissérie e se chama La mante, do original em francês, ou, aqui, A Louva-a-Deus. Em apenas 6 episódios, a história se passa décadas após a captura de uma serial killer conhecida como A louva-a-Deus, que oferece ajuda para solucionar uma sequência de assassinatos inspirados em seu modus operandi. Porém, com uma condição: trabalhar junto do filho policial responsável pelo caso, que ela "abandonou" quando foi presa.

Tirando o fato de que 90% do elenco é desprovido de carisma, principalmente o filho da senhora trevosa, a minissérie costura bem as pistas – mesmo que muitas delas sejam falsianes – em direção ao imitador dos crimes, de modo a sempre ter bons ganchos que levam o espectador a nunca querer fazer uma pausa entre os episódios. De acordo com Serial killer - Louco ou Cruel?, livro da Ilana Casoy que estou lendo no momento junto de um romance policial, assassinas em série são bem mais incomuns do que assassinos, além de terem motivações diferentes para matar, e por isso achei interessante a abordagem de uma criminosa do tipo nesta história. Ao longo da trama, descobrimos as razões que fizeram a Louva-a-Deus ser quem é, extremamente ligadas à misoginia; o impacto disso no filho e em como ele precisa lidar com isso ao ver-se obrigado a conviver com alguém que despreza; e como a questão da maternidade segue a narrativa da minissérie, culminando num desfecho que, pra mim, foi bem satisfatório e não requer nenhuma possível continuação.

Aliás, se eu tiver que destacar uma atuação nesse samba, seria a da Carole Bouquet, a "la mante". Elegantérrima. Olhar de Medusa. Jamais gostaria de encontrá-la na minha cozinha quando eu fosse beber água à noite.

Apesar de eu ter descoberto sozinha quem é o imitador, tirando um pouco o impacto da revelação, o ritmo é deliciosamente acelerado e algumas reviravoltas surpreendem, mas o melhor de tudo é poder ouvir gente falando em francês por aproximadamente seis horas.




A outra indicação, série de 10 episódios original da TNT que estreou recentemente na Netflix, se chama The alienist e se passa na Nova York do final do século XIX. Trazendo rostinhos conhecidos, como Luke Evans, Dakota Fanning e o fofinho Daniel Brühl, a história baseada na obra homônima de Caleb Carr segue o dr. Kreizler, um reconhecido alienista – termo usado para psiquiatra até então –, que passa a investigar paralelamente à polícia um caso bizarro de assassinatos em série de garotos. Com a ajuda do ilustrador John Moore e da datilógrafa Sara Howard, ele inicia o que parecia ser, na época, os primeiros passos da construção de um perfil mental de um assassino, me lembrando muito o tema central da maravilhosa Mindhunter.

Confesso que comecei a série um pouco relutante (estou começando a escrever um romance policial e qualquer referência é válida neste início de jornada), no primeiro episódio estava achando o ar um pouco novelesco (oi, La casa de papel), mas fui surpreendida aos poucos. Ao contrário de A Louva-a-Deus, The alienist me fisgou mais pelos personagens, que são bastante cativantes – mesmo o fechadão dr. Kreizler e aqueles que aparecem por pouco tempo. Torci e sofri junto com eles. A personagem da Dakota, em especial, me causou maior apreciação por estar numa posição ao mesmo tempo privilegiada e ameaçada; como primeira funcionária mulher da polícia da cidade, ela precisa conviver diariamente com os olhares masculinos que não preciso nem explicar no que implicam, numa tentativa constante de provar seu valor como profissional e ser humano. Sara Howard é, como diz o poeta, "à frente de seu tempo" e isso se reflete em quase todos os seus comportamentos, mesmo fora da delegacia, impactando na dinâmica com o personagem de Luke Evans e ajudando a apresentar a personalidade deste. /shipei porém não

Na minha visão, alguns pontos do roteiro de The alienist não são sólidos e, como acontece em A Louva-a-Deus, pistas falsas para confundir o público, levá-lo a um lugar, depois para outro e mantê-lo vidrado acontecem. *suspiro* Bom, foda-se né, mores, funcionou e terminei a série em menos de 24h. Tirando um CGI meio porco, a reconstrução da época é muito bem feita e os figurinos são de impressionar. Inclusive fiz um registro mental de todos os modelitos que Dakota usou em cena e quero todos, mesmo em 2018. A conclusão da história é bonita, dentro de seu contexto, apesar de uns clichês que não me incomodaram tanto. Espero também que não tenha uma segunda temporada, porque, pra mim, formou balada e não se mexe em time que tá ganhando. Das ambições da TNT eu não sei, mas a Netflix precisa segurar esse rabo, porque exemplo de temporadas novas pra séries que já tinham um final não faltam.


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