07 janeiro 2016

Minha estreia no mundo Tarantino com "Os 8 odiados"

postado por Manu Negri


Antes de chegarmos à sessão de "Os oito odiados", ontem, minha amiga perguntou "Como você tem coragem de dizer em voz alta que nunca assistiu a nada do Quentin Tarantino?". Da mesma forma que tinha coragem de usar acessórios de Star Wars sem nunca ter visto nenhum episódio, claro. Tá tudo bem, gente.

Mas é verdade, a única vez que eu tinha passado perto de Quentin Tarantino foi numa tentativa frustrada de assistir ao DVD de Pulp Fiction, há uns bons anos, que travou na primeira cena.  Então, já trataram de me alertar: os filmes do Tarantino são violentos. Talvez você não goste na primeira vez. Pfff, qual o problema das pessoas? Acham que crescemos à base de Ursinhos Carinhos? Os 8 odiados é sensacional.

O filme abre em um campo coberto de neve com montanhas lindas ao fundo (depois de enquadrar alguns minutos um crucifixo por motivos que ainda desconheço), onde uma carruagem está levando o caçador de recompensas John Ruth e sua prisioneira Daisy Domergue até Red Rock, a cidade mais próxima, para ser executada. No meio do caminho, eles encontram o Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson, o protagonista) e Chris Mannix, pra quem dão carona para o mesmo destino, mas logo são obrigados a interromperem a viagem por causa de uma nevasca. Todos então se abrigam em uma hospedaria que mais parece uma grande cabana chamada Armarinhos da Minnie; porém, lá dentro encontram mais 5 sujeitos que certamente roubariam sua merenda na escola, também à espera do fim da tempestade.


04 janeiro 2016

Extraordinário: não julgue um menino pela cara

postado por Manu Negri


Escrito pela R.J. Palacio, Extraordinário foi o primeiro livro que terminei neste começo de ano (calma, que só o abri em dezembro!) e posso usar uma única palavra pra classificá-lo: FOFO.

August Pullman é um garoto como qualquer outro. Gosta de tomar sorvete, brincar com sua cadelinha Daisy e de conversar sobre Star Wars. Mas, para quem o vê pela primeira vez, Auggie – como é chamado pela família – não parece ser uma criança tão comum assim. Nascido com uma síndrome genética grave que lhe impôs uma severa deformidade facial, Auggie passou boa parte da infância no hospital fazendo cirurgias para que seu corpo pudesse se desenvolver da melhor forma possível. Auggie sabe que tem um rosto muito diferente. E agora, aos 10 anos, prestes a entrar na escola pela primeira vez, ele também sabe que não vai ser fácil convencer os outros alunos de que, além das aparências, existe um garoto com sonhos, medos e alegrias como todos eles.

Me peguei chorando em algumas várias páginas. E não porque estava bêbada no momento, mas sim porque histórias sobre valorizar a beleza interior sempre – SEMPRE – me tocam. Digamos que senti na pele durante muito tempo, por mim e por pessoas que amo, e me irrita profundamente como as pessoas têm a capacidade de serem fúteis e tão rasas a ponto de se importarem mais com quem tem um rostinho bonito, não importa o caráter. Eu consideraria Extraordinário um livro infanto-juvenil, mas suas lições podem (e devem) ser absorvidas por gente de todas as idades.


30 dezembro 2015

Os (meus) melhores filmes de 2015

postado por Manu Negri


Aqui a retrospectiva não envolve palhaçada na política ou terrorista fazendo ameaça, e sim personagens fictícios cativantes que proporcionaram ótimas experiências no cinema.

Não ultrapassei o número de filmes assistidos no ano passado, pra minha surpresa, mas é bom que serve pra meta de 2016: aumentar ainda mais essa dose. Foi relativamente fácil selecionar os 15 melhores filmes vistos este ano; o difícil foi listá-los em um ranking. Mas está aí. Aproveitemos o espaço pra trocar figurinhas. :) (ninguém aproveita /cry)

Lembrando que não são necessariamente filmes lançados em 2015!



Bela obturação!
15. WHIPLASH, 2014, de Damien Chazelle | Trailer

Quem acompanhou o Oscar deste ano ouviu falar bem (nos dois sentidos) desse filme. O solitário Andrew quer ser o fodão, a última bolacha (digo, biscoito) do pacote, a última Coca-Cola do deserto quando o assunto é bateria. Pra isso, ele entra na melhor escola de música dos EUA, mas não esperava que seu professor, o bam-bam-bam do jazz, fosse levá-lo ao seu limite físico e mental.


27 dezembro 2015

O melhor romance do ano se chama Carol

postado por Manu Negri


Não que eu tenha visto todos os romances de 2015. Ou que eu queira ser sensacionalista. Mas Carol tem sido assim considerado por muita gente que assistiu, entre imprensa em geral e críticos de cinema, desde sua estreia em maio no Festival de Cannes. E também não creio que esse título seja injusto. Ganhador de vários prêmios desta recente temporada e um dos cotados a Melhor Filme do Oscar 2016 (falei aqui), Carol é simplesmente belo em todos os seus detalhes.

Sabe um desses incomuns exemplos em que o filme consegue ser melhor que seu livro? Pois então. Baseado na obra de Patricia Highsmith, "O preço do sal" (falei aqui) – e já comercializado com o título "Carol" –, a história acompanha o desenrolar do relacionamento entre duas mulheres na década de 50 em Nova York. A primeira vive um casamento sem amor, e, a outra, é uma jovem vendedora de uma loja de brinquedos que sonha em ser fotógrafa. Cate Blanchett e Rooney Mara dão vida à Carol e Therese, respectivamente, em duas atuações que vão arrebatar seu pobre coração.

Todd Haynes é conhecido por dirigir personagens femininas à frente de seu tempo, como a mãe solteira dos anos 30 na minissérie Mildred Pierce, e a esposa exemplar que se envolve com um homem negro na sociedade super-racista de Longe do Paraíso. Em Carol, não é diferente. Acho errado classificá-lo como "romance lésbico" porque, independente se o casal do filme é hetero ou não, uma história de amor continua sento uma história de amor. No entanto, o que conduz este filme é justamente o fato do relacionamento ser entre duas mulheres, em uma época em que a homossexualidade era sinônimo de doença.


26 dezembro 2015

O bizarro mundo distópico de The Lobster

postado por Manu Negri


O diretor grego Yorgos Lanthimos já ganhou a atenção de críticos do mundo inteiro com seu estranho longa Dente canino, de 2009, que narra o dia a dia de uma família que decidiu criar os filhos sozinhos, trancados em casa, sem qualquer influência do que existe lá fora. Lanthimos, neste ano, lançou seu primeiro filme falado em inglês usando a mesma abordagem chocante e atores ricos e famosos, como Colin Farrell, Rachel Weisz (que aparentemente dorme submersa em formol), John C. Reilly e Léa Seydoux.

Quando digo abordagem chocante, é pela estranheza da história em si, a condução, os diálogos e situações surreais que fogem totalmente dos filmes convencionais com que estamos acostumados na indústria do cinema. Você vai entender melhor com essa sinopse de The lobster: em um mundo distópico, as pessoas são proibidas por lei de ficarem solteiras. Qualquer pessoa fora de um relacionamento é enviada para um enorme resort, onde tem 45 dias para encontrar um(a) parceiro(a). Caso após esse prazo não se arranje com ninguém, o hóspede é transformado em um animal de sua preferência e solto na Floresta.