Comentários sem spoilers
Eu quero começar este texto mais uma vez enaltecendo o estúdio A24, responsável por distribuir os excelentes Moonlight, Lady Bird, A ghost story, Ex-Machina, Projeto Flórida e O lagosta, entre outros, também conhecido por dar liberdade criativa aos autores de seus projetos. Ultimamente, este nome tem ficado forte por lançar alguns filmes de terror que fogem das produções de sustos baratos, como Ao cair da noite e A bruxa. Hereditário é mais um, graças aos deuses, que chegou para engrossar o grupo.
Esses "novos filmes de terror", como eu os encaixava até pouco tempo, na verdade não estão inventando a roda, e sim trazendo-a de volta para o cinema. É um retorno ao horror clássico muito feito há várias décadas, como O exorcista e O bebê de Rosemary, afirmando que a sétima arte vive momentos cíclicos. Não à toa, Hereditário vem sendo descrito, desde sua aparição no Festival de Sundance, como o "novo O Exorcista"; não em termos de trama, mas em termos de narrativa, com a faca, o queijo e a goiabada na mão pra se tornar um novo clássico do gênero neste século.
A história do filme não é originalzona. Mas a forma como ela é contada é a grande sacada. Acho que Hereditário é um bom exemplo de como a experiência do espectador ao longo da projeção é tão ou mais importante que a conclusão dela. Desde o início existe o prenúncio de uma tragédia, como uma semente plantada na nossa viagem sensorial que cresce e floresce a cada cena e detalhes nem um pouco apresentados ao acaso, nos provocando a montar um quebra-cabeças.